Broken Friendship


Quando estás grávida, todos te ligam, mandam mensagens, querem desesperadamente conversar sobre o novo bebé, qual o sexo, os nomes, as roupas que já compraste. Enfim, fala a mãe natureza e as tuas amigas simplesmente adoram que vás ter um bebé. Especialmente se for o teu primeiro...
Depois, quando afinal não veio o bebé perfeito, veio um bebé com necessidades especiais, quando nem pode vestir as roupas que compraste porque está há meses na incubadora, o sexo é indiferente porque o que importa é que sobreviva, todos te ligam ainda mais vezes e todos os dias. Todos os teus amigos ficam transtornadissimos e não se fala de outra coisa.
Nos primeiros meses, ou anos, todos querem saber como está a evoluir, muitos querem encontrar-se com o novo ser "para ver como é", "como é que parece". É que, como me disseram, a probabilidade de tu conheceres alguém com um bebé especial é muito remota, então conheceres 2 pessoas com bebés especiais é praticamente impossível. Curioso, não é? Quem lê este blogue conhece já muitos e muitos bebés especiais.
Voltando ao tema, os anos vão passando e as tuas melhores amigas, aquelas das grandes jantaradas, de anos e anos de companheirismo, de brincadeiras, de férias, de alegrias e tristezas, deixam de o ser. Começam por te ligar cada vez menos, sempre que combinam alguma coisa as conversas são outras. A ti, parece que nem estás a ouvir aquelas conversas, os teus problemas são "tão outros" que tudo o que ali se diz tem muito menos interesse. E para elas? Que pensam elas agora da tua conversa? E de ti?
Quando ligam, ligam por peso na consciência. E porquê? Não sabem lidar com a tua situação? Não têm "saco" para os teus problemas? Mas quando eu me queixava do namorado que me deixou ou do trabalho que estava uma chatice, elas ouviam e animavam e diziam "bora sair, esquece isso". E agora, porque é que nem isso sabem dizer? Pois, é que a minha realidade é outra, bem diferente e elas simplesmente querem manter-se afastadas do sofrimento do constrangimento que isso lhes causa.
E assim se perdem amizades.
Pois, claro, a culpa não é só delas... Se calhar eu também comecei a telefonar menos a ter pouca disponibilidade. E a realidade é que, para as minhas amigas que começaram a ser assim, eu também evito de as "maçar" com os meus problemas...
Em tempos uma mãe (que foi como minha mãe em Cuba) disse-me que com o tempo os amigos iam-se afastar. Não acreditei e pensei que isso nunca ia acontecer. A verdade é que aconteceu. Ainda bem que só (ou ainda?) aconteceu com 2 ou 3 amigas. Mas porque é que aconteceu com aquelas que eram as minhas melhores amigas??
E porque é que resolvi escrever isto agora? Talvez para assumir a mim mesma que isto está a acontecer... Se alguém em especial se identificar com esta minha reflexão, eu estou sempre cá, continuo à espera do ombro antigo e que antes era amigo...
Sara

Comentários

  1. se precisar de um ombro novo eu estou disponivel!!! sou a sónia!
    bjnho

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  2. Parece que fui eu escrever isto. Poderia usar as mesmas palavras e ainda assim seria a mais pura verdade. Acontece mesmo. E dói. Magoa-nos. Leva-nos para baixo, sobretudo nos dias em que nos sentimos mais carentes. Beijinhos

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  3. Eu ainda não sinto isso em relação aos meus amigos. Mas de uma coisa tenho a certeza, desde que conheci algumas mães especiais a minha vida ficou muito mais rica.

    Bjs

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  4. Há quem considere que ter um filho "especial" é mesmo uma coisa muito especial, quem não conheçe não percebe. Há que dar um desconto e andar prá frente.

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